terça-feira, 4 de novembro de 2008

Crítica Musical do Novo CD dos Arautos do Rei: Vale à Pena Esperar

Inovador. Creio ser esta a melhor palavra para descrever o novo cd dos Arautos do Rei, Vale à Pena Esperar. Por quê?

1- Quatro oitavas! Pela primeira vez o grupo produz um álbum que exige de seus componentes um alcance médio de 3 oitavas, chegando a 4 tranquilamente. Na época dos arranjos do Hooper, eu creio que devido às condições de gravações e estúdios precários se comparados aos de hoje, ele arranjava as vozes para uma média de 2 oitavas e meia, o que soava muito bem para apresentações em sua maioria á capela. É claro que houve muitas músicas que alcançaram essa extensão, como Dentro em Breve Sim, Achou-me, Eu Sei de Um Rio, e outras mais. Mas o novo cd mantém essa realidade permanente.

2- O prefixo. Pela primeira vez o grupo homenageia os “chefes”, isto é, seus oradores, que por estes 45 anos de trajetória, combinaram tão bem “Música e Mensagem”. Afinal de contas, quem não se lembra de onde veio, não sabe para onde está indo!

3- As músicas. Todas brasileiras. Desde a época do Alexandre Reichert houve uma tentativa inteligente de contextualizar o quarteto com a realidade nacional. Porém, nossos compositores pátrios das décadas de 70, 80 e 90 sempre foram muito influenciados pela estrutura musical alemã e americana, e muitas vezes produziram obras incríveis, mas que ainda soavam “estrangeiras”. Este álbum é um divisor de águas. Ao ouvir as melodias, você percebe a personalidade “tupiniquim”. Os tempos, suas marcações e entonações são intencionalmente “brasilis”. E o que dizer de algumas sextas, sétimas, nonas (e segundas no baixo!) sutilmente elaboradas?

4- As letras. Além de expressarem idéias, sentimentos e desejos da atual personalidade brasileira, as palavras usadas para comunicar a filosofia cristã são incrivelmente modernas. Até as rimas e as expressões da nossa língua (que eu já não sei se é portuguesa ou brasileira?) são surpreendentemente bem colocadas na fraseologia musical, e soam bem. Imagine você, há alguns anos atrás, ouvir como música de quarteto, linhas melódicas com rimas como:
É reino contra reino, nação contra nação,
Aumento de maldade, de ódio e traição.
Ou
É só um pouco mais, um pouquinho mais,
Logo irei aí te buscar.
E ainda:
Dos meus temores, desse mundo e seus horrores, onde reina o mau,
Põe um escudo, constrói um muro,
À minha volta, pois o que importa, é viver pra Ti.
Finalmente saímos daquela antiga maneira de rimar: AMOR-DOR, FALAR-CANTAR, etc... Perdemos o medo de usar a palavra UNÇÃO em seu devido contexto! Também curti uma canção que corteja sua letra em torno de uma palavra tão pouco usual para uma fraseologia musical como ALABASTRO! Uau!!! E contrariando a lógica atual, as letras continuam usando a 2ª. pessoa para se referirem à Deus, sem esquecer de Sua transcendência. Amém! Afinal de contas, esse é “O Deus que Eu Conheço”!

5- As orquestrações. Muito bem escritas, fazendo soar as cordas e os metais nas regiões e tempos ideais. Eu vibrei, por exemplo, com a perfeita combinação de flautas e oboé na faixa Se a Mão de Deus Tocar em Mim. Por isto, dou-lhe uma dica: ao adquirir o cd, leve o duplo. Quando desejar um momento de calma e reflexão, curta o playback. Perceba alguns instrumentos que soam uma única e quase imperceptível vez em toda a música. Você verá que foi tão bem produzido que parece ser um outro trabalho!

6- Compositores. Que eu me lembre, pela primeira vez o quarteto lança uma canção, e muito bela por sinal, de uma compositora nacional, Suzane Hirle, que tem produzido material de primeiro nível para vários músicos da atualidade. Ricardo Martins e André Gonçalves (eu não disse que um dia você iria se render aos quartetos?) também entram de cabeça na impagável polifonia masculina. Sinto-me surpreso pelo Ricardo conseguir compor tantas músicas sem ser repetitivo, e ainda produzindo as orquestrações para as mesmas obras! E nossos eternos (e não “velhos”) conhecidos, Evaldo Vicente e Jader Santos dão um toque glamuroso com suas composições, que são “tudo novo” ao perfil dos quartetos.

7- Extensão com beleza. Apesar da distância harmônica ser grande do baixo para o tenor, a harmonia foi tão bem estudada que soa muito bem. Enquanto os tenores estão “nas alturas”, os baixos fazem um gostoso contraste. É maravilhoso para um apreciador musical perceber como as vozes do Ozéias e Társis (vivas á nossa pátria mãe África!) se encaixam tão bem, tendo o Élson fazendo sua parte (barítono é sempre discreto!), e o Milton “descendo a ladeira” harmonicamente, sem ser “pontudo” ou “rachado”! “Ei, qual foi a última vez que você viu um baixo brasileiro solando bem grave e bonito?” Os 4 componentes possuem não somente belas vozes, mas conservam seus harmônicos vocais, estejam nos graves, médios ou agudos.

8- Base de estudo. Este não é um cd para ouvintes casuais. Ele é suave nas interpretações, mas denso nas idéias e conceitos. Dependendo do momento, é até pesado para se ouvir uma faixa após a outra. Pra quem gosta ou estuda música, seja instrumental ou principalmente vocal, é um prato cheio para comparações, novos aprendizados e boas surpresas. Abrimos uma nova escola, a “Martins Musical Center”!

E por que razão o grupo alcançou este nível? Minha sincera resposta é FOCO. Veja bem, no mesmo ano, 1962, surgiram 2 quartetos: 4 garotos saíram de Liverpool para cantarem suas músicas e extravasarem seus sentimentos em relação á vida. Eles afetaram tremendamente a ideologia da época, ganharam muito dinheiro, foram idolatrados por milhões e escandalizaram a classe dominante. Depois dos Beatles, nada continuou como era. Eles realmente inovaram.
Mas do outro lado do oceano, outros 4 garotos (nem tanto assim) foram escolhidos para uma tarefa singular: evangelizar por meio do canto. Saíam do Rio para cantar pelo Brasil. Não venderam tanto. Mas entraram para a minha e a sua história e a de tantos outros que se converteram ao Salvador ao ouvirem uma “Voz” falando aos seus corações. Estes inauguraram uma era que custa passar, tornando os Arautos do Rei a maior referência musical no estilo quarteto masculino, abaixo da linha do Equador. Onde estão os Beatles? Os Arautos nos mostram que, nesta vida, “o que importa, é viver pra Ti”. Mas isto só acontece “Se a mão de Deus tocar em mim”. Toca-me, Senhor!

Por isto, eu lhe digo: Valeu à Pena Esperar! Curta essas canções. E se possível, presenteie um amigo especial com este conteúdo precioso!

Uma Palavrinha aos meus bons amigos “do Rei”

Ozéias, amigo indicável. Na vida, são poucos aqueles sobre quem a gente pode dizer por aí: “Nesse, vale à pena você confiar”. Assim como quando você chegou por aqui, ou quando eu te pedi para inovar nossos cultos de sexta-feira, você está sempre me surpreendendo. “Dó de peito? Tenha dó!” Você merece o resultado do que plantou. Parabéns. Só me arrependo de não tê-lo obedecido quando me convidou para formarmos nosso quarteto! Mas está bom demais ouvi-lo. Um abraço na sua “Dion”, Vanessa, e na sua “xérox de saia”, a intrigante Cindy.

Társis, amigo velho. Desde a nossa época de colégio, você tem sido marcante. Aliás, tenho visto que muitos meninos se espelham em sua imagem. Isso é incrível: Deus, o Ser supremo, prefere revelar-Se escondido, usando nossa vida para refleti-Lo! Obrigado por ter retornado, e conte comigo no que precisar. Ah, a tia Magda, minha ovelha aqui, ficou encantada com sua simplicidade e carinho. Também, o que ela esperava de você?! Um super abraço!

Élson, herói da resistência. Numa década de tantas mudanças e desistências, você tem permanecido. Parabéns por sua personalidade e opiniões próprias, que colocadas em tempos de crise, tem ajudado a mantermos as metas e o prestígio no caminho certo. Deus continua precisando e usando homens assim. Que os milagres que Ele já fez em sua vida e família, multipliquem-se a cada “Novo Dia”.

Milton, discretamente inconfundível. É incrível como você tem poucas palavras a dizer, mas tanto a comunicar. Você mostra, à nós pastores, quantas alegrias um filho de pastor pode proporcionar a seus pais, e irmãos. E também, que vale à pena esperar pelo próximo trabalho, para “cravar todas”! Deus bendiga seu marcante ministério.

Ricardo, seu jeito tímido mas refinado, sua mente aberta, e sua extrema sensibilidade musical recolocam o grupo na posição de modelo musical à todos os demais quartetos brasileiros. Sua humildade é tão flagrante que chegas a consultar-me! Obrigado pela confiança. Parabéns pelo resultado do trabalho. E estou curioso pelo que virá! Mas eu sei que valerá á pena esperar!

Com sincero carinho, e humilde opinião,
Pr. Marcelo Augusto de Carvalho
Pastor Distrital das Faculdades Adventistas de Minas Gerais – Lavras MG
www.4tons.com

Lavras, 3 de novembro de 2008.

3 comentários:

Anônimo disse...

Está musica lembra em nos que vale sempre apena esperar por JESUS.

Ela conta nossa origem( os remanescentes) , a história da igreja nos o povo do presente que aguada a volta de Jesus.

esta e nossa música!
este e o nosso Propósito e missão!
este e o povo de Deus!



linda!
Linda!
Vem logo Senhor Jesus!!

Carol Leal disse...

Seu Blog ta muito legal, parabéns! Mas que tal colocar seu blog com dominio proprio, muito mais facil das pessoas aprenderem seu endereço. Caso tenha interesse entre em contato conosco pelo endereço www.carolleal.com.br.

Unknown disse...

Gostaria de fazer uma indicação pra voz do baixo do Arautos. Joab Borges